A primeira prancha de "Sudor Sudaca" ["Sudore Meticcio"] com dedicatória de Carlos Sampayo. Frigidaire # 19, Junho de 1982.
O jornal Público vai editar uma colecção de doze romances gráficos, facto que se saúda. Devo acrescentar, no entanto, que, a meu ver, é mais uma ocasião perdida.
Les soeurs Zabîme - Aristophane
Amapola Negra - Héctor Germán Oesterheld / Francisco Solano López
I Never Liked You - Chester Brown
Munô No Hito - Yoshiharu Tsuge
Matt Marriott: Isepinal The Apache - James Edgar / Tony Weare
Zil Zelub - Guido Buzzelli
Le journal de Jules Renard lu par Fred - Fred
C'était la guerre des tranchées - Jacques Tardi
Le portrait - Edmond Baudoin
Un tal Daneri - Carlos Trillo / Alberto Breccia
Sudor Sudaca - Carlos Sampayo / José Muñoz
Poderia ter escolhido outras coisas, como é evidente: Ernie Pike de Héctor Germán Oesterheld e Hugo Pratt; Las memorias de Amorós de Felipe H. Cava e Federico del Barrio, para dar só dois exemplos... Ou... três: só poderia deixar de fora o extraordinário Journal III de Fabrice Neaud por razões práticas, ou seja, por ser tipo tijolo...
18 comments:
Percebo a tua lista, fico contente de vários dos autores estarem representados na coleção do Público, só não faz muito sentido é dizer que é uma "oportunidade perdida" por não coincidir com a tua
Ponhamos então uma oportunidade mais ou menos 50 % perdida porque metade daquilo é tipo óscares: midcult do melhor.
No caso de Will Eisner é até mais do que isso: é kitsch puro e duro.
Este tipo de colecções nunca podem ser "perfeitas". Mas mesmo assim há Tardi como na sua lista, para além de Baudoin, Oesterheld e Breccia. De qualquer modo, isto é muito mais "serviço público" do que esperaria de uma colecção de jornal!
Os livros de Chester Brown e de Tsuge que refere adorava vê-los numa segunda séries desta colecção... I've Never Liked You é um livro que tenho apreciado cada vez mais conforme vou vendo o quanto o seu trabalho tem piorado, e O Homem Sem Talento é muito, muito bom.
Penso como o RC ("não faz muito sentido é dizer que é uma 'oportunidade perdida' por não coincidir com a tua [opinão]") e como o Sérgio ("é muito mais "serviço público" do que esperaria de uma colecção de jornal!"). O leitor comum não tem ideia do esforço que um editor tem de fazer para reunir numa mesma colecção obras com diferentes detentores de copyright.
E adoro o Eisner.
De facto, os nomes que refere estão na metade "boa" da lista, mas, infelizmente, considero o livro de Baudoin Le voyage (uma encomenda vinda do Japão) um livro falhado que, por um lado, recicla ideias de uma outra "viagem" (essa sim excelente) e, por outro, revela as piores tendências kitsch do autor.
Ah... e O Homem Sem Talento é só o melhor livro de banda desenhada (campo restrito) de todos os tempos.
O problema do copyright existiria sempre fossem quais fossem os livros. Quanto ao Eisner: no comments...
É pena o que está a dizer sobre o livro do Baudoin. Dele só li uma autobiografia sobre o irmão dele e não achei nada de especial tirando a arte... Mas tava com expectativas para este livro por causa da reputação do Baudoin.
De qualquer modo irei comprar para formar a minha própria opinião e também pela arte...
A minha opinião pode estar distorcida pelo tempo (é um livro que li há muito) e porque gostei da "voyage" original. O livro de que fala é um livro infantil. O que há a ler de Baudoin é o que foi publicado na Futuropolis e em L'Association. O que ele tem publicado nos últimos anos é p'ra esquecer.
"O problema do copyright existiria sempre fossem quais fossem os livros."
Não, negociar con un só representante a aquisição dos direitos de vários obras não é a mesma coisa que negociar con várias representantes a aquisição dos direitos de uma só obra de cada un deles. Un editor que, por exemplo, só publique material da Dargaud, em princípio deixa rapidamente de precisar de negociar; basta-lhe escolher o que lhe interessa.
Ah, e quanto ao 5º título da lista do Isabelinho, muito gostava eu (e outra gente) de saber como conseguir os direitos.
Uma colecção desta natureza tem de ser variada o que trás como consequência a necessidade de negociar com vários detentores de copyright. É inevitável.
O jornal Evening News de Londres deixou de existir em 1980. Foi incorporado no Evening Standard. Se o dito não tiver os direitos resta afamília de Tony Weare e a família de James Edgar. Como ninguém conhece o rasto deste último a coisa torna-se complicada. Será que se pode chegar à família do último por intermédio da família do primeiro? Seja como for, primeiro tentava o jornal...
Nem acredito! Não ia a este post do Steve Holland desde 2012. Graças a estes comentários (thanks everyone!) verifico que há novidades muito importantes datadas de 10 de Fevereiro último!
Muitos dos títulos apresentados na "lista alternativa" não têm perfil para uma colecção como a que a Levoir/PÚBLICO está a fazer independentemente da sua qualidade objectiva ou não, e das nossas preferências subjectivas. Uma colecção deste género tem de ter um mínimo de peso comercial, é inevitável. Há livros que por melhores que sejam, NUNCA sairão numa colecção destas, e que têm de ficar para uma editora com vocação para eles.
E sim, é muito diferente negociar só com um detentor de direitos ou com vários, esta colecção foi um inferno completo, e ainda agora, quando já saiu o segundo volume, há um par de questões que não foram resolvidas.
Os livros que vão ser editados nem são a lista original, já que há sempre livros que não se podem fazer, ou por formato, ou por custos, ou porque ninguém sabe dos materiais de reprodução, ou porque o autor não quer que saia numa colecção de jornal, ou por o que quer que seja.
Obrigado pelo testemunho, "desde dentro".
Quanto aos direitos, já respondi.
Quanto às escolhas: se o peso comercial é critério tenho razão em dizer que foi uma ocasião perdida porque TODAS as ocasiões vão ser ocasiões perdidas.
Por essa ordem de ideias, "nenhuma" ocasião é perdida, todas são ocasião para se editar "alguma coisa". É melhor estes doze livros saírem que não saírem, saírem estes doze não prejudica qualquer outro grupo de doze e assim por diante. Por essa ordem de ideias a única ocasião não-perdida será a colecção que o Domingos vai lançar quando ganhar o euromilhões!
E dizer : "se o peso comercial"... mas poderia ser de alguma outra maneira? Com excepção do caso particular de instituições públicas ou certas formas de mecenato (que têm o seu mérito), nenhuma colecção se poderia abstrair do peso comercial.
De qualquer modo, uma colecção destas é potencialmente TÃO diversa, vasta e rica, que as escolhas subjectivas e pessoais de quem as propõe (ie. os meus gostos pessoais!) têm sempre um peso muito grande. Não teriam tanto numa colecção de 30 volumes, mas em 12...?
Ver o meu último post.
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