Friday, July 5, 2013

A Crítica de Banda Desenhada Alguma Vez Existiu?

O presente texto tem nove anos e está inédito (fiz agora algumas alterações, mas não muitas...). Quer isso dizer que é muito anterior ao boom dos "comics studies". A maior parte do que se cita abaixo é lixo, mas, depois de se separar o trigo do joio, o panorama não é tão desértico como poderia supor-se. Uma omissão importante é a revista STP de Thierry Lagarde. Embora refira Bruno Lecigne não citei a sua revista Controverse, mas, sobretudo, falta a fundamental Dorénavant de Barthélémy Schwartz e Balthazar Kaplan.

A João Bénard da Costa... in memoriam...

“Eu gosto de junk food, mas admito que é junk food. Cuidado com o crítico de banda desenhada quasi-highbrow1 que vos tenta apresentar Frank Miller e Howard Chaykin como bons escritores”
(Harvey Pekar, 1989: 128; tradução minha)

Incontáveis rios de tinta, resmas de papel, bits e ondas electromagnéticas já foram empregues a reflectir sobre a morfologia e a epistemologia da crítica. Dispenso-me de acrescentar aqui algo mais à discussão (quer dizer, mais ou menos...) e arrumo o assunto com uma citação de quem melhor reflectiu sobre o problema nos jornais portugueses, Eduardo Prado Coelho: “Não é novidade que na palavra “crítica” se incluem diversas práticas de escrita. Uma delas tem a ver sobretudo com o espaço universitário e consiste em “explicar” (na medida do possível) a obra em função dos seus diversos contextos históricos depois de esses contextos terem permitido “fixar” (ainda na medida do possível) o texto estudado: é a crítica filológica com a sua dominante historicista. Outra consiste em jornalisticamente apresentar o livro em questão de modo a que o leitor possa ter uma ideia do seu “conteúdo” – é o que se chama uma “recensão”. Um terceiro caso consiste em fazer um juízo de valor fundamentando-o numa determinada soma de argumentos – é a crítica de tipo judicativo. Por último (mas a lista poderia ser mais longa), teremos a crítica que procura apresentar uma hipótese interpretativa sobre a obra de modo a pôr em relevo certos aspectos que não sejam imediatamente perceptíveis. Neste caso, o juízo de valor é implícito: se a obra justifica o esforço na sua interpretação é porque tem valor para isso” (Prado Coelho. 2001: 15). Claro que os vários tipos de crítica apontados não são estanques: em muitos textos é possível encontrar uma contaminação de uns por outros. Acrescento ainda, referindo-me à crítica mais aprofundada: 1) a crítica traz implícito o problema do valor estético, claro, mas também, porque não?, do valor ético; 2) uma vez que, como disse Adorno, a “forma estética [é] conteúdo sedimentado” (1993: 15), não há crítica séria sem análise formal; 3) o discurso crítico pode ser mais ou menos nómada, mas nunca pode perder de vista a obra (navegação costeira); 4) contra a opinião da crítica formalista, muito do problema crítico também se joga na área do sentido; 5) a partir das condições anteriores podemos concluir com Renaud Chavanne que o discurso crítico elaborado não tem por alvo de reflexão “as condições de realização [da obra] às quais se apega[m] o historiador [e o sociólogo, mas eu não seria muito dogmático na defesa deste ponto]. Não é sobre o percurso do autor, o qual pertence ao biógrafo. Também não é uma acumulação de referências, elaboração absurda da lista de todas as obras do autor” (1997: 5; tradução minha). Acrescento ainda que um simples relato dos acontecimentos diegéticos também não é crítica no sentido ambicioso do termo.

A axiologia é, hoje, uma espécie de camisa de onze varas. A conjuntura transformou-se numa cacofonia de vozes discordantes, todas a reclamar a legitimidade da sua hierarquia de valores ou, simplesmente, a repudiar a instrumentalização das hierarquias vigentes. Eduardo Prado Coelho (ainda ele) resumiu a situação da seguinte maneira: “a questão do valor estético e da racionalidade estética, tem vindo a ser posta em causa por toda uma série de movimentos autónomos, mas de efeitos convergentes: a extensa reflexão das consequências do nominalismo artístico a partir de Marcel Duchamp; as tentativas, na linha de Nelson Goodman, de transferir o estético para o cognitivo; o mutismo ascensional que se apodera dos sobrinhos de Wittgenstein nestas matérias; as teorias de uma definição institucional de arte na perspectiva de George Dickie; a consideração do juízo de valor como uma simples marca num processo de diferenciação, à maneira dos estudos sobre a distinção de Pierre Bourdieu; ou o democratismo habermasiano de Yves Michaud” (Prado Coelho, 1998: 8). Eduardo Prado Coelho poderia ainda acrescentar o desconstrucionismo de Derrida, mas adiante...

Não é este breve texto o lugar ideal para discutir temas tão complexos, como é óbvio, mas, sinceramente, não vejo onde o nominalismo de Dickie, por exemplo, possa atacar a hierarquia tradicional de dominação da alta cultura sobre a baixa (ou outra qualquer distinção). As instituições legitimam socialmente as obras e os artistas, como sempre fizeram. Trata-se, em si, de um fenómeno neutro que só nos pode fazer reflectir sobre a subjectividade de toda a hierarquia de valores já que, enquanto a universidade legitima (ou legitimava) James Joyce, a televisão legitima democrática ou manipuladamente (?) os Rolling Stones (é necessário ressalvar, porém, que depois de Bowling Green, e com a influência crescente da cultura americana nas nossas vidas, a legitimação da cultura de massas já não é exclusivo dos grandes meios de comunicação). É inegável que há subjectividade no processo, mas isso já Kant (apud 1992) e Hume (apud 1997) sabiam, não é nenhuma novidade. O primeiro contraria o relativismo do julgamento estético pela validação intersubjectiva (o modelo de Dickie não anda, sequer, muito longe), o segundo refuta-o afirmando que certos juizes são superiores a outros (no texto de Hume encontramos Sancho Panza como enólogo: ele e os seus parentes só podem mesmo ser melhores juizes da qualidade de um vinho do que um qualquer abstémio). Curiosamente o próprio Hume corrobora involuntariamente a subjectividade última destes fenómenos ao afirmar: “E para não extrairmos a nossa filosofia de fonte muito profunda , recorreremos a uma história notável, contada em D. Quixote” (Hume, 1997; tradução minha). Ou seja: o livro de Cervantes passou de ser uma fonte não muito profunda a encabeçar o cânone literário. Ou então, quem sabe?, talvez Hume considerasse o Quijote um livro profundo, mas a pequena história de Sancho estaria excluída de tais alturas ou profundidades...

A banda desenhada, é bem sabido, tem sido proscrita das “altas” esferas da cultura erudita e da validação estética. No fundo, trata-se de uma simples luta política. Chamar para o campo cultural a lógica democrática? Denunciar a construção de um gosto que marginaliza as classes sociais mais baixas? Pode ser... na condição de que a democratização signifique igualdade de oportunidades no acesso à qualidade e não a queda no exagero de se considerar esteticamente bom2 o trabalho de um artista medíocre só pela cor da pele ou pelo género sexual (praticando a chamada “discriminação positiva”). (Bem sei que a ideia de génio está hoje desacreditada, mas, se não fosse o caso, só nos faltaria assistir à legislação de uma cota de genialidade para as minorias). Por outro lado não tenho nada contra o elitismo se este significar apenas a exigência qualitativa acessível a poucos (por falta de interesse, tempo, etc... tudo razões transversais a toda a sociedade, é bom que se note...). Já tenho, e muito, se este impedir o reconhecimento da qualidade existente fora dos parâmetros ditados pelos preconceitos snobes. Voltando à democracia e ao juízo: imagine-se o que poderia acontecer se milhares de leigos na matéria votassem contra a técnica utilizada por um engenheiro na construção aeronáutica ou civil... O desastre, certamente...

Há dois níveis para enquadrar o julgamento estético: gostos pessoais não se discutem (todos têm o direito ao mau gosto; ninguém consegue escapar completamente ao canto do kitsch em todos os domínios: a impoluta elegância só seria atingível após infindáveis horas de afincada dedicação); mas, como sociedade, devemos confiar na arbitragem dos especialistas (sem abdicar, na qualidade de cidadãos livres, de revelar as possíveis injustiças cometidas pela intelligentsia).

A denúncia politicamente correcta já é um dos terramotos culturais mais importantes deste início de milénio. Quanto mais não seja porque chamou a atenção para fenómenos de dominação politico-cultural (os quais existirão sempre, não tenhamos ilusões). Se há abusos por parte dos defensores do politicamente correcto ainda terão de passar muitos anos até que atinjam a quantidade dos seus simétricos. Não se trata tanto da tão propalada “crise de valores”, mas da substituição de uns valores por outros... para que tudo fique na mesma, como acontece em todas as revoluções (cf. Lampedusa, 2000: 24; Buzzelli, 1998).

E a banda desenhada? Digamos que até Umberto Eco, no início dos anos de 1960, foi praticamente ignorada pela intelligentsia (caso quase único, o outro é Gilbert Seldes, é o de Wolfgang Von Goethe, em 1831, ao fazer este extraordinário juízo sobre os livros de Rodolphe Töpffer: “Se ele escolhesse, no futuro, um tema menos frívolo, refreando-se um pouco mais, faria coisas capazes de ultrapassar a imaginação” - (Eckermann, 1848 - tradução minha a partir da tradução de John Oxenford (s/d [1850]) - bem se pode dizer que Goethe profetizou a banda desenhada dita alternativa). Excluindo a universidade, os primeiros críticos foram os próprios artistas, ou, as mais das vezes, os fãs. Como o nome indica, os fãs escrevem sobretudo em fanzines, mas estes são demasiado numerosos para se poderem citar todos num texto breve. O movimento dos fanzines nos Estados Unidos começou por estar ligado à ficção científica. Os primeiros fanzines dedicados à banda desenhada no citado país foram: EC Fan Bulletin (1953) de Bhob Stewart, Comic Art (1961) de Don Thompson e Maggie Spencer, Alter-Ego (1961) de Roy Thomas e Jerry Bails, Spa Fon (1966) de Rich Hauser e Helmut Mueller, Squa Tront  (1967) de Jerry Weist, onde pontificavam o já conhecido Bhob Stewart e Larry Stark,  Panels (1979) de John Benson. (A crítica dos jornais, por outro lado, está ausente deste texto.) Falando então de livros, sobretudo (e, também aqui, muitos terão de ser suprimidos), há que citar: Comics and Their Creators de Martin Sheridan (1942) como sendo o primeiro inteiramente dedicado à banda desenhada (mais propriamente, ao campo dos comics dos jornais); The Comics de Coulton Wough (1947) e The Funnies: An American Idiom (1963), obra colectiva organizada por David Manning White e Robert H. Abel; All in Color For a Dime (1970) de Dick Lupoff e Don Thompson com a sequela The Comic-Book Book (1977) dos mesmos autores; Comic Art in America (1976) de Stephen Becker. Numa linha semelhante vem America’s Great Comic Strip Artists (1989) de Richard Marschall. Bill Blackbeard, com inúmeros prefácios, poderia também ser citado (é de destacar o longo texto que escreveu em R. F. Outcault’s The Yellow Kid: A Centennial Celebration of the Kid Who Started the Comics - 1995 -, o qual ultrapassa o mero plano amador). Os livros dos fãs são biográficos, hagiográficos, de divulgação popular. A linguagem é acessível, a bagagem teórica implícita ou explícita é nula ou quase. Apesar do amor que dedicavam à banda desenhada, estes primeiros fãs recusavam-se a ver nela algo mais do que um entretenimento, talvez porque receassem ser apelidados de snobes (?).




Na mesma linha está a história da banda desenhada escrita por um profissional: The Comics (1974) por Jerry Robinson (do mesmo autor é de citar a monografia, amplamente ilustrada, Skippy and Percy Crosby - 1978). Outro livro interessante escrito por um profissional é: The Great Comic Book Heroes (1965) de Jules Feiffer. Ainda no capítulo das monografias há a registar: Citizen Caniff (1969) de Claudio Bertieri; Crumb (1974) de Marjorie Alessandrini; Gotlib (1974) de Numa Sadoul; Fred (1975) de Bernard Toussaint; Tardi (1980) de Thierry Groensteen; Un opera de papier: les mémoires de Blake et Mortimer (1981) de E. P. Jacobs; Le monde d’Hergé (1983) de Benoît Peeters; Corentin et les chemins du merveilleux: Paul Cuvelier et la bande dessinée (1984) de Philippe Goddin; Krazy Kat: The Comic Art of George Herriman (1986) de Patrick McDonnell, Karen O’Connell, Georgia Riley de Havenon; Winsor McCay: His Life and Art (1987) de John Canemaker; Foster e Val (1989) de Manuel Caldas; Töpffer: L’invention de la bande dessinée (1994) de Thierry Groensteen e Benoît Peeters; Accidental Ambassador Gordo: The Comic Strip Art of Gus Arriola (2000), de Robert C. Harvey; Hal Foster: Prince of Illustrators . Father of the Adventure Strip (2001) de Brian M. Kane; B. Krigstein (2002) de Greg Sadowski, e um longo etc... De referir são também as recolhas de entrevistas em livro (embora não se trate aqui exactamente de crítica): La aventura del comic (1975) com entrevistas conduzidas por Alfonso Lindo; Entretiens avec Hergé (1975) de Numa Sadoul; Charles M. Schulz: Conversations (2000) com organização de M. Thomas Inge; La nouvelle bande dessinée (2002) com entrevistas conduzidas por Hugues Dayez; Carl Barks: Conversations (2003) com organização de Donald Ault; Artistes de bande dessinée (2003) com organização de Thierry Groensteen, etc...  



Na Europa, o boom das publicações amadoras deu-se nos anos de 1960 com a criação das revistas francesas: Giff-Wiff (1962), Phénix (1966), Schtroumpf: Les cahiers de la bande dessinée  de Jacques Glénat (1969, posteriormente, 1984, apenas Les Cahiers de la Bande Dessinée). Esta última revista é uma das aportações críticas à história da banda desenhada Ocidental mais importantes (este texto não contempla o Japão, bem assim como outros países, com uma excepção, cujas línguas oficiais, e outras, não domino). Enquanto foi dirigida por Thierry Groensteen (dos números 56 ao 83), ultrapassou em muito tudo o que já se tinha feito neste campo deixando para trás o passado amador. Contou com participações de críticos tão importantes como o próprio Groensteen, Bruno Lecigne, Gilles Ciment, Jean-Pierre Tamine, Benoît Peeters. Faltou a esta revista da especialidade dar um salto que, de momento, ainda ninguém deu: separar verdadeiramente o trigo do joio em termos valorativos.



Da fornada amadora acima descrita sai Jacques Sadoul com o livro L’enfer des boulles (1968) e Panorama de la bande dessinée (1976), Edouard François com L’age d’or de la bande dessinée (1974). É ainda de citar a publicação amadora belga Rantanplan (1966) de André Leborgne, curiosamente conhecida por RTP, e a italiana Comics Club (1967) de Alfredo Castelli. O primeiro livro inteiramente dedicado à banda desenhada editado em Itália foi I fumetti (1961) de Carlo della Corte. É ainda digno de nota o fanzine Fumo di China (1978) fundado por Franco Spiritelli, Andrea Magoni, Mauro Marcheselli, e Andrea Plazzi. O título do livro de François é indicativo de uma certa (passe o eufemismo) nostalgia (uma idade de ouro é algo que se perdeu). Curiosamente essa suposta idade de ouro não se situava em França, mas nos Estados Unidos: eram sobretudo as (muito mal) apelidadas bandas desenhadas realistas dos anos de 1930 (ou seja, eram as aventuras infanto-juvenis dos comics dos jornais, reimpressas em França em revistas tais como: RobinsonHop-Là, etc...). Toda esta actividade estava relacionada com as associações recreativas ligadas à banda desenhada. Em França: o Club des Bandes Dessinées (Alain Resnais era um dos vice-presidentes, o presidente era Francis Lacassin e entre os membros contavam-se Alvaro de Moya, Federico Fellini, Evelyne Sullerot, Umberto Eco, etc...), CELEG (Centre d’Etude des Littératures d’Expression Graphique) a partir de 1964; a SOCERLID (Société Civile d’Étude et de Recherches des Littératures Dessinées). Na Bélgica: o  CABD (Club des Amis de la Bande Dessinée). Em Itália a ANAF (Associazione Nazionale Amici del Fumetto). Em Espanha foi pioneira a revista Bang! (1968) de Antonio Martín e brilha pela longevidade o fanzine El Wendigo (1974), o qual, apesar de ter as características amadoras já enumeradas, publica os excelentes textos formalistas de Faustino Arbesú. No campo das associações Luis Gasca fundou o Centro de Estudio de Expresión Gráfica. Em Portugal há a citar os fanzines: Quadrinhos (1972) de Vasco Granja, Nemo (1986) de Manuel Caldas, Bedelho (1988) de Francisco Gil e Fernando Vieira, assim como o Clube Português de Banda Desenhada (CPBD) que edita um boletim (1977).




É aos fãs que se deve muita da historiografia da banda desenhada, mas, infelizmente, uma vez que estes não são historiadores profissionais, os livros que escrevem são mais colecções de dados (bio e bibliográficos) do que verdadeiras histórias (com as necessárias sínteses interpretativas dos eventos, integração das obras na sociedade da época em que foram criadas, análise formal, etc...). Nos Estados Unidos, e para além do livro de Robinson, pode citar-se: Les Daniels com Comix: A History of Comic Books in America (1971); Ron Goulart com Over 50 Years of American Comic Books (1991); The Art of the Funnies: An Aesthetic History (1994) e The Art oif the Comic Book: An Aesthetic History de Robert C. Harvey (1996 - ano em que se publicaram muitas histórias da banda desenhada para comemorar o seu suposto nascimento com o Yellow Kid, um século antes). Em França podemos encontrar Histoire de la bande dessinée d'expression française (1972) e Histoire mondiale de la bande dessinée (1981), ambas da autoria de Claude Moliterni; Histoire de la Bande Dessinée en France et en Belgique des origines à nos jours de Henri Filippini (1980); Astérix, Barbarella & Cie de Thierry Groensteen (2000). Em Portugal avulta a obra pioneira Os Comics em Portugal: uma história da banda desenhada de António Dias de Deus (com uma adenda por Leonardo de Sá - 1997) e Das Conferências do Casino à Filosofia de Ponta (2000) por Carlos Bandeiras Pinheiro e João Paiva Boléo (a fundação Calouste Gulbenkian publicou também, pelos mesmos autores, A Banda Desenhada Portuguesa: 1914-1945 - 1997 - e Banda Desenhada Portuguesa: Anos 40-Anos 80 - 2000). De Leonardo de Sá e Geraldes Lino é o Dédalo dos Fanzines (1997). Em Espanha destaca-se Fernando Martin com Apuntes para una historia de los tebeos (1967) e Los inventores del comic español (2000). Sem esquecer Antonio Altarriba com La España del tebeo (2001 - uma história onde, como o título indica, se faz a ligação entre as personagens de tebeo e as Espanhas franquista e da transição democrática) e o monumental Atlas Español de la cultura popular: De la Historieta y su uso. 1873 - 2000 (2000) por Jesús Quadrado. Ainda em Espanha cito três livros de Javier ComaLos comics: un arte del siglo XX (1977), Del gato Félix al gato Fritz: História de los comics (1979), El ocaso de los héroes en los comics de autor (1984). Na Argentina contam-se duas obras importantes: História de la historieta argentina (1980) de Carlos Trillo e Guillermo Saccomano; La historieta argentina: Una historia (2000) por Judith Gociol e Diego Rosemberg. Na Grã-Bretanha, para além de Dennis Gifford, com The British Comics Catalogue 1874-1974 (1975), podem citar-se as três obras de Roger Sabin: Adult Comics: An Introduction (1993), Comics, Comix & Graphic Novels: A History of Comic Art (1996), Below critical Radar: Fanzines and Alternative Comics from 1976 to now (2002 - com Teal Triggs). A banda desenhada dita underground já vai tendo a sua historiografia com: A History of Underground Comics (1974) de Mark James Estrin; Rebel Visions:The Underground Revolution 1963 - 1975 (2002) de Patrick Rosenkranz; Comix: The Underground Revolution (2004) de Dez Skinn. A banda desenhada alternativa norte-americana encontrou historiador na figura do espanhol Oscar Palmer: Cómic alternativo de los ’90 (2000). Vinda do underground, a artista Trina Robbins historiou a banda desenhada feita por mulheres em A Century of Women Cartoonists (1993) e From Girls to Grrrl: A History of Women’s Comics from Teens to Zines (1999); Wendy Siuyi Wong divulgou a banda desenhada de Hong Kong através do livro hong kong comics:a history of manhua (2002). A acrescentar ao presente parágrafo, apenas mais um longo etc...



 As enciclopédias são o reino preferido do fã. Como este alia a faceta de estudioso do tema à de coleccionador, nada mais natural do que tentar catalogar tudo o que existe. Darei apenas alguns exemplos: The World Encyclopedia of Comics (1976), sob a direcção de Maurice Horn e, infelizmente, com muitos erros; Encyclopédie des bandes dessinées (1979) com supervisão de Marjorie Alessandrini; The Encyclopedia of American Comics (1990), edição de Ron Goulart; Dictionnaire mondial de la bande dessinée (1994), de Patrick Gaumer e Claude Moliterni.



         Uma vez que já citei Thierry Groensteen posso passar à segunda “espécie” de críticos de banda desenhada: os jornalistas e os especialistas. Estes não são críticos universitários apenas porque não estão directamente relacionados com nenhuma destas instituições. Thierry Groensteen, por exemplo, integra-se nesta categoria, com inúmeros livros de divulgação mais ou menos popular, e na seguinte, a universitária, com Système de la bande dessinée (1999). Para além de dirigir os Cahiers de la bande dessinée durante o seu período verdadeiramente interessante dirige e publica actualmente a não menos importante revista 9e art. Thierry Groensteen escreveu Animaux en cases (1987), L’Univers des manga: une introduction à la BD japonaise (1991), Couleur directe (1993), La construction de La Cage: autopsie d’un roman visuel  (2002), etc… Nos Estados Unidos é obrigatório citar: The Seven Lively Arts de Gilbert Seldes (1924), embora este não seja um livro inteiramente dedicado à banda desenhada (Seldes defendia, demonstrando pioneirismo, que as artes “menores” eram tão válidas como as artes “maiores”); Carl Barks and the Art of the Comic Book de Michael Barrier (1981); Reading the Funnies de Donald Phelps (2001). Excelente é El Domicilio de la Aventura (1995) do grande crítico argentino Juan Sasturain. De citar é ainda Psicopatologia de la viñeta cotidiana do espanhol Jesus Quadrado (2000), e o livro recente do português David Soares, Sobre BD (2004). Um caso “à parte” é o de Bruno Lecigne que a solo em Avanies et Mascarade: L’évolution de la bande dessinée en France dans les annés 70  (1981) ou acompanhado por Jean-Pierre Tamine em Fac-Simile: Essai paratactique sur le Nouveau Réalisme de la Bande Dessinée (1983) escreveu algumas das melhores páginas alguma vez dedicadas à banda desenhada. A divulgação do muito rico e complexo mundo da banda desenhada japonesa no Ocidente esteve sobretudo a cargo de Frederik L. Schodt com Manga! Manga!: The World of Japanese Comics (1983) e Dreamland Japan (1996).



No capítulo das revistas da especialidade (para além das ligadas a Thierry Groensteen já referidas atrás) há a citar em Portugal as revistas Quadrado (1993) e Satélite Internacional (2002) onde escrevem: Pedro Moura, Domingos Isabelinho, Marcos Farrajota, João Paulo Cotrim, Paulo Patrício, e outros, com participações mais ocasionais; em França a extraordinária revista / fanzine Critix (1996), onde escreveram Jean-Philippe Martin, Évariste Blanchet, Renaud Chavanne, Pierre Huard (vindo da crítica universitária) e, até, Fabrice Neaud. O desaparecimento da Critix prova amargamente que não é viável a existência de uma revista de qualidade sobre banda desenhada sem apoios institucionais. Nos Estados Unidos há muitas revistas da especialidade, mas quase todas são feitas por fãs de superheróis para os fãs de superheróis (caso da revista/fanzine Alter-Ego, já citada como fanzine, a viver hoje uma nova reencarnação). Com um espírito crítico mais apurado, mas sem chegar muito mais longe, em muitos dos casos, é digna de nota a revista The Comics Journal onde escrevem: Gary Groth (um excelente crítico que, infelizmente, pouco tem exercido), Darcy Sullivan, Ng Suat Tong, Robert Fiore, Bart Beaty (com uma óptima coluna sobre banda desenhada europeia), Gregory Cwiklik, Tom Spurgeon, Robert C. Harvey e algumas dezenas de outros com participações mais ou menos ocasionais. A revista The Comics Journal tem sido acusada de ser elitista e snobe, mas a acusação é injusta porque, com a mudança constante do responsável editorial, e sem uma política coerente, a revista tanto pode dar voz a um crítico conservador (R. C. Harvey ou Ray Mescallado) como a um defensor acérrimo da “vanguarda”. Digno ainda de nota é o caso da revista Graphis, dedicada ao design de comunicação, que publicou dois números especiais (159, 60 - 1972/73) sobre a banda desenhada. A organização esteve a cargo de David Pascal e Walter Herdeg, os artigos estiveram a cargo de Pierre Couperie, Claude Moliterni, Archie Goodwin, Gil Kane, Les Daniels, Jules Feiffer, David Pascal, Robert Weaver, Alain Resnais, Milton Glaser, Umberto Eco.



         Na crítica universitária a valoração deixou de fazer sentido. Os críticos universitários aspiram a uma objectividade científica ideal, mas impossível de atingir. A instituição tem tal prestígio que qualquer alvo de estudo por ela escolhido ganha imediatamente um estatuto acima da mediania anónima. Talvez seja por isso que houve (e ainda há) em certos sectores universitários uma forte oposição ao estudo da banda desenhada. Tratava-se de evitar a subida de status social a uma arte muito menor. Quando Umberto Eco escreveu sobre Steve Canyon, os Peanuts, L’Il Abner e Superman em Apocalittici e integrati: Comunicazioni di massa e teorie della cultura di massa (1964) recebeu um acolhimento negativo por parte dos ditos “apocalípticos” (sobretudo os marxistas inspirados na linha de pensamento da escola de Frankfurt, mas também os conservadores de direita, acérrimos defensores dos valores tradicionais e da divisão artes maiores/artes menores). Por outro lado os “integrados”, surgiram, nos Estados Unidos da América, na universidade de Bowling Green.



O caso cubano é paradigmático do ataque aos valores da América capitalista. Livros como La vida en cuadritos (1993) de Paquita Armas lá vão mandando as suas ferroadas aos imperialistas exploradores do terceiro mundo. E no entanto parece que, ao mesmo tempo, a banda desenhada norte-americana exerce um fascínio particular na autora. O que resulta, na realidade, é uma espécie de amor/ódio, mas o caso mais famoso (e o de maior qualidade, diga-se de passagem) deste tipo de crítica marxista ao imperialismo americano é Para leer el pato Donald (1972) de Ariel Dorfman e Armand Mattelart. Uma abordagem do mesmo teor, mas feita com base na banda desenhada franco-belga é La société des bulles (1977) de Wilbur Leguebe. Em língua portuguesa do Brasil temos Uma Introdução Política aos Quadrinhos (1982) de Moacy Cirne.



Uma das primeiras avenidas que a banda desenhada utilizou para entrar na universidade foi o estudo estrutural e semiótico (ou semiológico, se não formos peirceianos e sim saussurianos). O já citado Umberto Eco é um semiólogo eminente. Cabem também nesta categoria os livros: A Explosão Criativa dos Quadrinhos de Moacy Cirne (1970), El lenguage de los comics (1972) de Roman Gubern; Dessins et bulles: la bande dessinée comme moyen d’expression (1972) de Pierre Fresnault-Deruelle; La bande dessinée: essai d’analyse sémiotique (1972) também de Fresnault-Deruelle; “La bande dessinée et son discours”, obra colectiva, número 24 da revista Communications (1976), com ensaios de Fresnault-Deruelle, Umberto Eco, Luc Routeau, Vicky du Fontbaré e Philippe Sohet, Bernard Toussaint, Michel Rio, Guy Gauthier, René Lindekens, Alain Picquenot, Michel Covin; Structuren des Comic Strip (1974) de W. Hünig; Récits et discours par la bande (1977) de Pierre Fresnault-Deruelle. Mesmo em obras mais recentes como Case, planche, récit: comment lire une bande dessinée (1991) de Benoît Peeters, ou no muito sobrevalorizado Understanding Comics (1993) de Scott McCloud, a marca estruturalista pode ainda ser encontrada. McCloud, tal como Will Eisner, o qual escreveu dois livros sobre a linguagem da banda desenhada, e Benoît Peeters, são artistas, não são universitários. É natural que escrevam sobre a sua prática pois confrontam-se com problemas formais todos os dias. Também de 1993 é o livro de Philippe Marion Traces en cases. Ainda em 1993 há a registar o livro de Jan Baetens e Pascal Lefèvre Pour une lecture moderne de la bande dessinée. Dez anos depois, em 2003, foi a lume Principes des littératures dessinées de Harry Morgan (incluo o livro nesta lista embora o autor conteste os seus predecessores dos anos 70). De resto, em Itália, Umberto Eco deixou pelo menos um discípulo: Daniele Barbieri, o qual escreveu I linguaggi del fumetto (1991). Uma curiosidade, só para demonstrar que nas periferias também se produz é: Tralalá del cómic (1997) publicado em Santo Domingo por Faustino Perez. Mas o melhor livro dentro desta categoria já foi citado acima. Trata-se de  Système de la bande dessinée (1999) de Thierry Groensteen. A tese de Rui Zink Literatura Gráfica? (1999) é uma mistura de muitas abordagens, mas a teoria formal está também presente.



Outra via de entrada dos estudos sobre banda desenhada na universidade foi a sociológica. É importante referir o ensaio de Luc Boltanski : “La constitution du champ de la bande dessinée” na obra colectiva Actes de la Recherche en sciences Sociales número 1 (1975). De Évelyne Sullerot há a registar: Bandes dessinées et culture (1965). No campo dos cultural studies destaca-se Arthur Asa Berger com The Comic-Stripped American: What Dick Tracy, Blondie, Daddy Warbucks and Charlie Brown Tell Us about Ourselves (1973); Martin Barker com Comics: Ideology, Power and the Critics (1989). A aproximação do tipo “Bowling Green” (indistinguível da hagiografia típica dos fãs e sem nenhuma abordagem teórica visível) pode encontrar-se nos livros da University Press of Mississippi, por exemplo em M. Thomas Inge e Matthew J. Pustz: Comics as Culture (1990), Comic Book Culture: Fanboys and True Believers (1999), respectivamente.



Os historiadores de arte têm-se debruçado pouco e não muito bem sobre a banda desenhada. São os casos de: História da Banda Desenhada Infantil Portuguesa: (Das Origens até ao ABCzinho) (1987) de João Pedro Ferro; The Aesthetics of Comics (2000) de David Carrier; Los comics de la transición: (El boom del cómic adulto 1975 – 1984) (2001) de Francesca Lladó; Comic Book Nation (2001) de Bradford W. Wright. A verdade é que, tirando um ou outro pormenor, estas abordagens históricas não se diferenciam assim tanto das efectuadas pelos amadores. Talvez os historiadores estejam menos preocupados em registar tudo (mas mesmo tudo) e revelem um pouco mais de método e preocupação em explorar as ligações entre sociedade e obra, mas é só. O livro de Carrier nem sequer é um livro de história porque o mesmo escreveu-o para tentar provar a tese absurda de que as “artes maiores” evoluem enquanto as ditas “artes populares” nunca mudam. Os livros de David Kunzle: The Early Comic Strip: narrative strips and picture stories in the European broadsheet from c.1450 to 1825 (1973) e The history of the comic strip: The nineteenth century (1990) são uma excepção importante. Outra excepção é Comic Strips & Consumer Culture: 1890-1945 (2002) de Ian Gordon. Devido ao seu gosto pela estatística, nomeadamente no catálogo da exposição Bande Dessinée et Figuration Narrative (1967), diria que Pierre Couperie poderia tornar a posição de David Kunzle e Gordon menos solitária... Infelizmente a sua situação de fã (foi membro do Club des Bandes Dessinées e da SOCERLID) tirou-lhe a capacidade de evitar a hagiografia. Faltou-lhe também uma grande obra de referência... 



A psicologia e a psicanálise têm pouca tradição na abordagem à banda desenhada, mas ambas se podem encontrar também. Refiro-me sobretudo a quatro livros: Seduction of the Innocent (1954) de Fredric Wertham; Tintin chez le psicanaliste (1985), Psychoanalise de la bande dessinée (1987) ambos de Serge Tisseron, Les spectres de la bande (1978) de Alan Rey. Donald Ault escreveu o ensaio ““Cutting Up” Again Part II: Lacan on Barks on Lacan” no livro colectivo e pluridisciplinar: Comics Culture: Analytical and Theoretical Approaches to Comics (2000) com organização de Anne Magnusson e Hans-Christian Christiansen. Esta última obra, editada pela universidade de Copenhaga, faz parte de uma série muito interessante de actas ou, simplesmente, de recolhas de ensaios: à la rencontre de... Jacques Tardi (1982) com organização de Jean Arrouye e Jean-Claude Faur; Bande Dessinée Récit et Modernité (1988) com organização de Thierry Groensteen e ensaios de Harry Morgan, Marc Avelot, Jacques Samson (memorável!), entre outros… The Graphic Novel (2001) com organização de Jan Baetens (dele é também o livro Formes et politique de la bande dessinée - 1998); The Language of Comics (2002) com organização de Robin Varnum e Christina T. Gibbons e ensaios de Gene Kannenberg, David Kunzle, David A. Beröna, entre outros...



         No campo das revistas da especialidade universitárias há a registar a revista Crimmer’s: The Journal of Narrative Arts e Crimmer’s: The Harvard Journal of Pictorial Fiction (1974); Inks: Comic and Cartoon Art Studies (1994) da Ohio State University; The International Journal of Comic Art (1999) cujos ensaios são maioritariamente de duas espécies: a divulgação de tradições nacionais menos conhecidas; os cultural studies (interessante é a série recente sobre os pioneiros da crítica). Nestas publicações podem encontrar-se os textos de: Arthur Asa Berger (autor de uma monografia sobre Al Capp: Li’l Abner: A Study in American Satire - 1970), Joseph Witek (o qual escreveu o livro Comic Books As History: The Narrative Art of Jack Jackson, Art Spiegelman and Harvey Pekar (Studies in Popular Culture) - 1989), Mike Kidson, Spiros Tsaousis, Waldomiro C. S. Vergueiro, Marc Singer, Caridad Blanco de la Cruz, Michael Rhode, John A. Lent (o editor da revista), Leonard Rifas, Charles Hatfield, Ole Frahm, Ana Merino, entre muitos outros...

         Em conclusão: a crítica de banda desenhada tem fama de ser inexistente. E no entanto...


         Devido a ser um fenómeno que se desenvolveu sobretudo de há 40 anos para cá (muito pouco tempo, claro) não pode ter ainda um corpus semelhante ao de “outras críticas” com tradições mais antigas. Por outro lado a crítica de banda desenhada é uma actividade que quase ninguém reconhece e aprecia, não dá grande prestígio social e muito menos dinheiro. Espero que o presente texto sirva para dar uma pequena ideia a quem o ler da enorme variedade e do muito que, apesar de tudo, já se fez. Como disse no início: desde o miúdo que escreve “umas coisas” num fanzine aos textos desconstrutivistas de Ole Frham e John Ronan, de tudo um pouco se pode encontrar na crítica de banda desenhada. Por vezes esta é irritantemente obtusa, continua apegada a arcaísmos e infantilismos, revela falta de metodologia, ignora aspectos inteiros da análise formal (as cores, a narratologia, etc...), volta as costas às temáticas e ao sentido, valoriza esteticamente histórias simplistas e infantilóides (cheias de estereótipos racistas e machistas, por exemplo), é profundamente anti-intelectual. Mas também pode ser incrivelmente inteligente e interessante. O tempo se encarregará de separar o trigo do joio porque é bem verdade o velho adágio que diz: não é o crítico que julga a obra, é a obra que julga o crítico.







1Expressão intraduzível, literalmente “sobrancelha alta” ou “testa alta”, integrada nos campos semânticos
 relacionados com a intelectualidade, a cultura erudita e as boas maneiras. Highbrow opõe-se a lowbrow
 (“sobrancelha baixa” ou “testa baixa”, baixa cultura, costumes populares). Quanto à elocução “junk food”,
 infelizmente tanto a mesma como a coisa entraram de tal modo no nosso quotidiano planetário que me dispenso de mais comentários. 
2“Belo” seria mais apropriado, tratando-se de estética, mas o “conceito” caiu em desuso.

Bibliografia:

Nota:
P. e. = Primeira edição.

Adorno, Theodor (1993). Teoria Estética. Lisboa: Edições 70. [P. e.: (1970). Asthetische Theorie. Frankfurt am                              Main. Suhrkamp-Verlag.] 
Buzzelli, Guido (1967). "La Rivolta dei Racchi," in Comics Almanacco (Julho) [catálogo do terceiro salão de banda                      desenhada de Lucca]. Roma/Lucca: Archivio Internazionale Della Stampa a Fumetti. [Romance gráfico.]
Chavanne, Renaud (1997). “Qu’est-ce que la critique?”, in Critix # 2. Argenteuil: Bananas BD.  
Coelho, Eduardo Prado (1998). “Da Pluralidade dos valores (1)”, in Público, suplemento Leituras (18 de      
           Julho). Lisboa: Público Comunicação Social S. A..
           - (2001). “A Ética da Crítica”, in Público, suplemento Mil Folhas (6 de Outubro). Lisboa: Público Comunicação                  Social S. A..
Goethe, Wolfgang von (s/d [1850]). "Conversations of Goethe With Eckermann and Soret", in Internet Archive
           [http://archive.org/stream/conversationsgo02oxengoog/conversationsgo02oxengoog_djvu.txt]Acedido a 15 de                  Julho de 2013. [P. e.:Eckermann, Johann Peter (1848). Gepräche mit Goethe in den letzten Jahren seines                         Lebens. Leipzig: Brockhaus.]
Hume, David (1997). “Of the Standard of Taste”, in The Hume Archives [http://www.utm.edu/research/hume]. [P. e.:                      (1757). Four Dissertations: The Natural History of Religion, Of the Passions, Of Tragedy, Of the Standard                          of Taste.]
Kant, Immanuel (1992). Crítica da Faculdade do Juízo. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. [P. e.: (1790). Critik              der Urteilskraft. Berlim e Libau: Lagarde und Friedrich.]
Lampedusa, Giuseppe Tomasi di (2000). O Leopardo. Linda-a-Velha: Abril/ Controljornal. [P. e.: (1958). Il Gattopardo.                Milão: Feltrinelli.]
Pekar, Harvey (1989). “Comics and Genre Literature: a Diatribe”, in The Comics Journal # 130 (Julho). Seattle:                              Fantagraphics Books.

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