Sunday, May 21, 2017

What's Wrong With Comics Criticism

What's wrong with comics criticism? Everything!

Remember when I said that a comics critic doesn't need an aesthetic education to write about comics? Lo and behold, here is a journalist saying that Álvaro Pons is a teacher of Optics and part of the Physics Faculty. Imagine someone without an aesthetic education wanting to write about the visual arts or someone without a degree in English (or other languages in whatever countries) wanting to be Lit Crits. They would be immediately laughed out of the room. Maybe that's the real reason why the comics canon is laughable as we have seen these last few days (it's either that or comics crits are the low of the lowest in crit skills). It's time to rest my case though. Besides, this art form is doomed anyway...

9 comments:

  1. Só para dar exemplos perto de nós, o saudoso crítico musical Fernando Magalhães era licenciado em Filosofia. Jorge Leitão Ramos (com o qual discordo em muita coisa, mas de cuja competência não duvido) é licenciado em Engenharia Electrotécnica. Pedro Mexia, o conhecido crítico literário, é licenciado em Direito. João Bénard da Costa (que dispensa apresentações) era licenciado em ciências Histórico-Filosóficas.

    Fora da crítica, existem exemplos incontáveis de autodidactas (José Saramago, Frank Lloyd Wright, H.P. Lovecraft, Herman Melville, Nicola Tesla, Blaise Pascal...).

    Há mais de 25 anos, li um qualquer palerma da Faculdade de Letras de Coimbra a pôr em causa a competência de um ilustre historiador daquela universidade (de cujo nome não me recordo, mas que é bem conhecido) por ser doutorado em... Matemática. Atacar a pessoa em vez da sua opinião já é mau, mas neste caso particular dizer que é dor de corno é pouco. Qualquer licenciado em Matemática (ou em qualquer outra ciência ou engenharia) pode aprender História (ou, basicamente, qualquer outro assunto) ao nível universitário. Já um catedrático de História morreria a tentar perceber algumas coisas básicas que se ensinam no primeiro semestre da maioria dos cursos de ciências ou engenharia. Isto são factos e o resto é conversa.

    Ao longo da minha vida conheci profissionais competentíssimos que não tiveram educação formal superior ou que, tendo-a, era bastante incompleta ou completamente diferente da sua área de trabalho.

    O Domingos Isabelinho está a desvalorizar -- injustamente -- o autodidactismo, que é uma das competências mais importantes que qualquer pessoa pode ter. E, muito honestamente, não acredito que só saiba sobre os assuntos que estudou na ESBAL.

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  2. Caro Daniel: relembro-lhe o que já disse noutro post: um dos ramos da filosofia é, precisamente, a estética. Dá-me total razão quando diz: "um catedrático de História morreria a tentar perceber algumas coisas básicas que se ensinam no primeiro semestre da maioria dos cursos de ciências ou engenharia." Não vejo porque razão é que a inversa não pode ser verdadeira. Não me posso pronunciar sobre o caso particular que cita, mas não me custa a crer que um licenciado em Matemática escreva uma tese amadora no campo da história. Se bem que, por outro lado, a história tem-se socorrido abundantemente da análise estatística e, aí, o nosso matemático estaria perfeitamente à vontade. Claro que há sempre excepções, como o caso de Leitão Ramos que cita e crítico que também admiro. Não vejo é excepções em nenhum crítico de banda desenhada porque são todos maus.

    O caso dos artístas é diferente e, possivelmente, mais complexo, embora Oscar Wilde e o dono do blogue em que tive a honra de participar, The Hooded Utilitarian (refiro-me a Noah Berlatsky) achem que a crítica é uma arte. Lembro-me quando, nos idos da década de 1970, se chamava críticos impressionistas às gerações anteriores e se proclamava uma crítica científica baseada no estruturalismo. Todo esse edifício veio abaixo com estrondo no pós-estruturalismo e hoje, se é que a verdadeira crítica existe fora da universidade (é o jornalismo que aqui critico, é bom que se note), já não se dá muito crédito a essas miragens. Ainda assim acredito que há um minímo de saber acumulado que não vejo, de maneira nenhuma, nos jornalistas.

    Por fim resta-me dizer que não tenho nada contra as pessoas cujas listas critiquei. Se fosse possível até preferia que fossem listas anónimas, mas elas aí estão, assinadas no espaço público que é a Internet. Uma lista como a do The Comics Journal é um produto colectivo e não é menos absurda e risível do que as que citei. Tomem-se os exemplos como sintomas de um problema muito mais amplo: o do endeusamento jornalístico da mediocridade.

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  3. Outra coisa: embora não vá buscar as citações exactas, acontece que, por coincidência, sem dúvida, fiz dois comentários recentemente a Mort Cinder e a El Eternauta. Quanto ao primeiro disse que há um par de muito boas histórias ("Na Penitenciária", "Um Barco Negreiro" - e cito os títulos de memória), mas considerava exagerada a inclusão de toda a série numa lista curta; quanto a El Eternauta, disse que, apesar de gostar da obra e desta ser muito importante na história argentina, está longe de ser o melhor que Oesterheld escreveu. Acrescentei que essa honra vai para "Amapola Negra" - obra prima absoluta para qualquer grupo de críticos competentes - e "Ernie Pike" embora também aqui se devesse fazer uma triagem mais fina - por exemplo: "Convoy a Malta" é outro monumento.

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  4. Por uma questão de clareza: o historiador de que falei (e cujo nome tentei encontrar, mas não consegui) era na altura um dos historiadores mais ilustres que tínhamos, com obra publicada e organizador de obras que ainda hoje são uma referência. Não era um amador.

    «Dá-me total razão quando diz [...] Não vejo porque razão é que a inversa não pode ser verdadeira». Na verdade, não lhe queria dar razão, mas creio que me fiz entender mal e misturei um pouco as ideias. É evidente que o inverso pode ser verdadeiro. Mas, por norma, são pessoas com cursos em ciências ou engenharias que tiram licenciaturas adicionais em áreas não-científicas (conheço algumas e sei que existem muitas mais). Nem sequer estava a falar em amadorismo (porque aí a coisa torna-se bem mais abrangente). O inverso nunca conheci, mas sei que não é impossível.

    «... o do endeusamento jornalístico da mediocridade». Estamos totalmente de acordo. Mas pergunto: ainda vale a pena chatearmo-nos? Quer queiramos quer não, a boa arte terá sempre público e valerá sempre a pena que haja quem a crie.

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  5. Mas então, se a hipotética pessoa tirou uma licenciatura nas humanidades depois de ter tirado uma licenciatura na área científica, tem, de facto, uma licenciatura na área das humanidades e, portanto, não é autodidacta.

    Estamos bastante mais de acordo do que aquilo que parece. A verdade é que tudo isto não passam de generalidades e as generalidades valem o que valem... Também concordo que não me deveria chatear, mas foi para me chatear que criei este blogue. É essa chatice o centro e a alma disto tudo. Por vezes até preferia ter um blogue diferente, mas foi este que escolhi e é com este que vou continuar. Porque há uma injustiça por detrás disto. Dir-me-á: o mundo é injusto. Claro que é, mas não vejo estas injustiças gritantes na crítica de outras artes onde o génio tem sido reconhecido (foi por aí que comecei ao chamar a atenção para a incoerência das duas listas de Moacy Cirne, a do cinema e a da banda desenhada). Também há por lá Tarantinos? Claro que há, mas ninguém esqueceu Rossellini ou Mizoguchi.

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  6. Hola Isabelinho,
    Ante todo, disculpa que no escriba en portugués, espero que no haya problema en que te escriba en castellano, aunque entiendo perfectamente el portugués, la única manera de poder leer los grandes cómics que se hacen allí).
    Solo indicarte que sí, mi formación es científica, pero aunque mi formación académica es en Física, evidentemente he aplicado al misma rigurosidad que me obliga la ciencia a la crítica de cómic. Y eso me ha obligado a leer muchísimo, y formarme en Historia del arte, en crítica, en arte y estética. A leer sobre semiótica y sobre análisis visual, sobre técnicas artísticas y sobre teoría literaria, entre muchísimas especialidades desde las que se puede analizar el cómic. De forma autodidacta, sí, sin esa formación directa académica, pero siguiendo siempre el criterio de coherencia y rigurosidad. De hecho, escribo sobre cómic desde antes de terminar mi carrera y doctorado de Física. Hace ya caso 30 años de eso.
    Yo sí que creo que no existe esa distancia tan amplia entre la ciencia y las humanidades (¡más me vale!) y que, además, sería buena la ósmosis, el contacto entre especialidades que tienen en su espíritu más de lo que parece.
    Acepto, por supuesto, que la revelación chirría. Que es extraña, por supuesto, pero también indicativa de los problemas que desde la formación académica ha tenido el cómic. Yo, desde la universidad, he impulsado jornadas académicas sobre cómic en Facultades de Filología, por ejemplo, animando a que campos donde es natural la inclusión del cómic, aprovechen la increíble ocasión de estudiarlo e investigarlo. De hecho, he sido parte de muchos tribunales de tesis doctorales en cómic, precisamente por la ausencia de especialistas en otros ámbitos.
    Es verdad que mi formación científica suena a "intrusismo", pero te ruego, desde la admiración que tengo por tu trabajo, que me juzgues desde los hechos, y no solo desde el título que tengo.
    Un abrazo

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  7. Hola Álvaro: muchas gracias por tu mensaje y de verdad que me alagas. Como he dicho al final de mi discusión con Daniel esto no es nada personal. Comprendo que pueda parecerlo porque las listas tienen firma.

    Tienes mucha razón en enumerar los problemas de los "comic studies". Con Daniel he hablado solo de la crítica en los periodicos y revistas, pero la universidad tiene también sus problemillas. Maxime el modo como el comic ha entrado en ella, por la puerta de la sociología y de los cultural studies. Eso quiere decir que no interesa el comic como arte, solo interesa como fenómeno cultural y, por ende, solo se estudia el menor denominador comun.

    Un abrazo!

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  8. «Mas então, se a hipotética pessoa tirou uma licenciatura nas humanidades depois de ter tirado uma licenciatura na área científica, tem, de facto, uma licenciatura na área das humanidades e, portanto, não é autodidacta.»

    Falei explicitamente -- e, como disse, conheci e conheço exemplos -- de ambas as situações. Não há contradição no que expus.

    «Também concordo que não me deveria chatear, mas foi para me chatear que criei este blogue.»

    Tendo em conta a minha longa experiência de voluntariado (que começou aos 14 anos), considero que há causas com as quais vale a pena chatearmo-nos e acho ignóbil que alguém possa desistir de fazer o que está certo só porque o mundo é imperfeito. Mas no fim deste texto perceberá melhor o que quero dizer.

    Simplesmente acho que o Isabelinho considera os seus esforços inglórios, o que não é correcto. Este blog tem leitores nacionais e estrangeiros. Se são muitos ou não, pouco importa. Se o continuam a seguir, alguma razão há-de haver. Fez diferença para alguém? Certamente que sim. O Manuel Caldas questionava-se sobre o mesmo. Eu sempre entendi que o esforço do Nemo foi glorioso. Pelo menos para mim e mais um punhado de pessoas.

    «mas não vejo estas injustiças gritantes na crítica de outras artes onde o génio tem sido reconhecido».

    Se atendermos às listas e recensões que se vêem na imprensa, concordo. Mas, o reconhecimento do génio por parte da crítica não me parece realmente relevante. O que é importante é o génio ser reconhecido por aqueles a quem se dirige (a não ser que, como em alguns casos, se esteja nas tintas para o público e se dirija apenas à crítica, mas desses exemplos repugnantes não vou falar). Há, e continuará a haver, boa banda desenhada e público exigente para a apreciar. De resto, há umas duas décadas que deixei de ligar regularmente à crítica das várias artes que me interessam. Gosto de ler um texto, claro, bem argumentado e elucidativo, mas não tenho paciência para recensões entupidas com generalidades, resumos de conteúdos, orgasmos intelectuais e tangas.

    Resisti a falar na minha experiência como autodidacta, e eis que surge o Álvaro Pons cujo exemplo me obriga a tirar o chapéu e a cumprimentar humildemente. Termino por aqui e passo a palavra :)

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  9. O Nemo era um projecto de Manuel Caldas no qual participei com muitíssimo gosto, mas não era um projecto meu.

    Agradeço a ambos pela discussão, mas no final o que fica? Génios como Tsuge ou James Edgar são esquecidos e uma mediocridade como The Spirit é incensada. É isso que fica e ficará e é só isso que lamento...

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