Decorreu no passado dia 22 a entrega de prémios da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). Se exceptuarmos a presença de duas figuras ligadas à banda desenhada, João Paulo Cotrim (que até subiu ao palco e discursou - cf. acima) e António Jorge Gonçalves (já lá vou...), a banda desenhada, vejam só (também já lá vou...), brilhou pela ausência nestes Oscarzinhos portugas.
Começando pelo último "já lá vou...": a determinada altura a apresentadora e o apresentador da soirée, Pedro Lamares e Mafalda Arnauth respectivamente, enveredaram por uma rábula em que enumeraram as artes segundo Canudo, Beylie e outros... Depois de chegarem à oitava arte Mafalda Arnauth exclamou, e passo a citar:
E vejam só, a banda desenhada como nona!
E vejam só, uma fadista a fingir que é apresentadora!
Mas deixemos a ignorância e a estupidez em paz. Até porque o primeiro "já lá vou..." é um pouco mais grave:
Não é de esperar que a SPA ligue peva à banda desenhada (se pouco liga à música!, já lá vou...), como é mais do que evidente. Por aí não esperava absolutamente nada, mas o que foram fazer João Paulo Cotrim e António Jorge Gonçalves a um sítio daqueles? João Paulo Cotrim subiu ao palco para receber o prémio Melhor Livro Infanto-Juvenil. António Jorge Gonçalves era um dos nomeados na categoria... Melhor Livro Infanto-Juvenil.
Será que alguma fada (e perdoe-se-me a referência infanto-juvenil) rogou uma praga ao pessoal da banda desenhada? Algo do género: todos vocês estão condenados, para todo o sempre, a trabalhar para crianças! Até parece...
Quanto à música: que inanidade! Houve um prémio para Álvaro Cassuto e foi só. Onde estão as categorias: melhor solista, melhor compositor, melhor orquestra, melhor trabalho em prol do património? Até parece que a música é só aquilo que se viu (e, infelizmente, ouviu)... Se era para premiar inanidades com sucesso comercial, como faz a Amadora, prefiro que nem se fale de banda desenhada; neste caso, e se compararmos com o que se passou nas artes plásticas ou no teatro, era preferível que nem falassem de música.
Espero que a tua indignação seja apenas retórica, meu caro Domingos. É que vale mesmo a pena incomodares-te com o assunto? Faz como eu: despreza todas essas festinhas e festivais. Festeja a banda desenhada tu mesmo e a tua maneira. O resto é quase sempre oportunismo de oportunistas...
ReplyDeleteManuel Caldas
É verdade que remar sempre contra a maré acaba por cansar. No meu caso a maré é avassaladora porque estou contra todos, os da banda desenhada e os de fora dela. Por outro lado sei que não vou mudar absolutamente nada, e etc... etc... Mas um blog é algo de público (embora, no meu caso, seja um público muito reduzido), e isso implica, forçosamente, alguma interacção com o que se vai passando. Só isso...
ReplyDeleteDizia Chesterton que só o que rema contra a corrente sabe que está vivo.
ReplyDelete